
Nascido em Caraúbas (RN) no dia 16 de janeiro de 1968, Jailson Gomes é um dos 12 filhos - Gersony, Tanise, Jisreel (falecido em Mossoró aos 22 anos), Jackson, João Filho, Meida, Telma, Angelia, Jildionacese (Cese Gomes), Elandia e Alisson - do pastor João Gomes da Silva (In Memorian) e de dona Angelita Inácio de Oliveira Silva. Com dois Bacharelados pela UFRN: Ciência Política e Sociologia, cursa atualmente Licenciatura em Ciências Sociais, também pela UFRN. É presidente do Sindicato dos Radialistas e Publicitários do RN e da Casa do Trabalhador do RN, entidade que reúne Sindicatos de Trabalhadores do Estado e é também secretário Nacional de Políticas Sociais da Federação Nacional dos Radialistas (FITERT). Nesta entrevista, Jailson Gomes fala de sua atuação profissional e também na igreja, onde desde adolescente começou a ajudar no ministério de seu pai; revela que foi curado por Cristo; anuncia o lançamento do livro sobre o pastor João Gomes, que lançará este ano e da situação dos profissionais de comunicação do Estado. Confira
CORREIO DA TARDE - Jailson Gomes como tem sido a luta como presidente do Sindicato dos Radialistas do Estado?
JAISON GOMES - Encontramos o Sindicato numa situação precária. A gestão anterior, que durou 14 anos, foi empossada no cargo com 1.800 filiados e entregou com 294 sócios. Um mandato a mais e o sindicato estaria fechado. Organizamos juridicamente a entidade, modernizamos e informatizamos suas atividades, interiorizamos as ações e iniciamos o resgate do diálogo com os patrões e com os trabalhadores. É um trabalho espinhoso e gratificante. Os frutos deste trabalho nós já estamos colhendo. É o reconhecimento da categoria.
O nível profissional no Estado como está na área de radifusão?
Temos grandes profissionais. Os dois sindicatos (Natal e Mossoró) reconhecem a grandeza dos nossos profissionais e luta para que isto se multiplique. Temos realizado oficinas de Rádio e TV em várias regiões do Estado e vemos crescer o interesse dos nossos profissionais. A luta é para que esta profissionalização ocorra de forma organizada e legal, obedecendo os tramites que a lei do radialista exige. Eu e Rui Maurício (presidente do Sindicato de Mossoró e Região) temos tido esta preocupação.
Quais os seus projetos futuros?
Queremos concluir estes mandatos, no Sindicato, na Casa do Trabalhador e na Federação Nacional, com o sentimento do dever cumprido. Nossa formação acadêmica é na área política. Nossa vocação também aponta para esta direção. Queremos atuar na área política e vamos planejar, até porque temos tempo, como atuaremos politicamente no futuro.
Desde quando começou a se envolver em atividades da igreja?
Sou filho de pastor com raízes interioranas. Por vocação e por falta de pessoal qualificado ocorre uma tendência natural dos filhos de pastores se envolverem muito cedo com a obra evangelística. O meu envolvimento ocorreu logo cedo e só depois de uma cura milagrosa. Eu era paralítico e, até metade de minha infância, dependente de outros para me locomover. Quando morávamos em Patu o Senhor me curou radicalmente e, como gratidão e por vocação veio a minha disposição de trabalhar para o engrandecimento do Reino de Deus.
Lembra do início do pastorado de seu pai pastor João Gomes?
Não. O pastor João Gomes foi pastor aos 22 anos de idade. Quando nasci, e sou o oitavo filho, ele já pastoreava sua segunda igreja. Dessa época lembrO de pouca coisa. Na cidade de Patu a igreja era pequena e a cidade muito pobre. O maior avanço no pastorado em nossa época em Patu foi o programa Aliança para o Progresso (Gov. Federal/EUA/Gov. do Estado) que o pastor João Gomes abraçou na cidade e terminou por aproximar a Assembléia de Deus da população e a membresia cresceu. O pastor João Gomes, brincando, se referia aos irmãos da época de "crentes da aliança".
Quais as recordações de passagens antes do pastor João Gomes assumir o comando da igreja Assembléia de Deus em Mossoró?
Muitas e boas recordações. Antes de chegar a Mossoró o pastor João Gomes pastoreou a igreja de Areia Branca, foi vice-presidente da Assembléia de Deus em Petrópolis-RJ e Serra do Mel. Areia Branca foi o maior trabalho desenvolvido na gestão do pastor João Gomes. A dificuldade de penetração do evangelho se dava por conta da cidade ser extremamente festeira. A construção do Porto Ilha trouxe para a cidade muitos estrangeiros e a prostituição se alastrou. Era difícil a propagação do evangelho numa terra onde não havia meio de trabalho para a população nativa e as pessoas tinham que se contentar com sub-emprego. Os homens viviam da pesca e nas horas vagas se entregavam ao jogo e a bebida. Deus corou de êxito e tivemos um pastorado de excelência que gera frutos até os dias de hoje. O pastor Antonio Marrocos é beneficiário desta luta. Petrópolis foi uma experiência espiritual para nós. Serra do Mel foi o recomeço de nosso ministério no Estado. Em 01 ano abrimos congregações em todas as vilas do município e o trabalho progredia de forma assustadora.
Em Mossoró, você já se destacava pelas ações que desenvolvia em prol do evangelho?
Sempre estive lado a lado com o pastor João Gomes. A questão de destaque é ponto de vista. Na verdade eu sempre participei ativamente das ações desenvolvidas pela igreja de Mossoró. Estive ao lado dos meus pastores (João Gomes, Diomedes Jacome, Edson Oliveira e Martim Alves) em todos os grandes e pequenos projetos. Nunca me recusei a dar minha contribuição a causa do evangelho. O que me deu maior envolvimento foi assumir a função de secretario da igreja e o contato direto com cerca de 10.000 membros da igreja na cidade.
Como eram os trabalhos dos jovens no período em que você atuava em Mossoró?
O trabalho de jovens na cidade teve inicio ainda na gestão do pastor Manoel Nunes da Paz. Foi em seu pastorado que se inaugurou os grandes Congressos de Jovens. O pastor João Gomes oficializou este trabalho quando entregou a presidência da UMADEM (União de Mocidade da AD de Mossoró) ao nosso dileto amigo, pastor Elumar Pereira. Daí o trabalho de jovens tomou proporções gigantescas e não há como pensar a obra evangelística de Mossoró sem a presença da UMADEM. Fui líder da mocidade do templo central e vice-presidente da UMADEM ao lado do pastor Francisco Florêncio. O trabalho era realizado nos bairros e a mocidade, através dos encontros de jovens, fazia o maior trabalho evangelístico da cidade. É difícil você encontrar um jovem na cidade que não sinta saudade desse tempo. Era a chamada época do evangelismo pessoal.
Você lembra de como foi a ascensão do pastor João Gomes ao cargo de presidente da Igreja Assembléia de Deus em Mossoró?
O pastor João Gomes pastoreava a igreja em Serra do Mel e morava em Mossoró. Em Mossoró ele era professor no Colégio Dom Bosco, Elizeu Viana e SENAC. O contato com a igreja na cidade era diário. Com as dificuldades de saúde enfrentadas pelo pastor Manoel Nunes ele assumiu a igreja de Mossoró de forma interina e depois foi oficializado pela Convenção Estadual. Era abril de 1981.
Quais os desafios que sua família enfrentou em Mossoró?
O maior desafio da época era modernizar a administração da igreja para avançar na obra de evangelização da cidade. Mossoró contava apenas com 13 congregações e uma membresia de pouco mais de 2.000 irmãos. Quando fomos transferidos para Natal a igreja contava com 58 congregações e cerca de 10.000 membros. O Senhor Nosso Deus nos permitiu isto.
Que ações você destacaria do ministério de seu pai na cidade de Mossoró?
Implantamos 45 novas congregações, criamos o Centro Social Heróis da Fé, o Clube de Mães Dona Bulamarque, o Colégio Evangélico, a Cruzada Mossoró para Cristo (dentro do Projeto Nacional da CGADB chamado "Década da Colheita") e a Campanha Evangelística Cristo Vive. A parceria com a Diaconia e a Visão Mundial permitiram a construção de um açude em Sítio Trapiá e a implantação de um trabalho grandioso no bairro Santo Antonio. Ali atendemos 300 famílias com a construção de sanitários dotados de fossa e caixas d`água, filtros e a creche Pequeno Davi que atendia, junto com o projeto de adoção da Visão Mudial, as crianças do bairro. Essas e outras ações dinamizaram o evangelho na cidade.
Como foi a mudança para Natal?
A chamada do pastor João Gomes se deu mais de 30 anos antes da confirmação. Ele ainda era pastor em Caraubas, sua primeira igreja. Na época da mudança para Natal o nome mais cotado era o do pastor João Batista Filho. A indicação recaiu sobre o pastor Jôão Gomes que, por unanimidade, foi acolhido pelo colegiado de ministros do RN. Ficamos divididos. Uma parte da família acompanhou a transferência e outra parte, com raízes fincadas em Mossoró, aqui permaneceu.
Como foi para sua família sair do interior para ocupar o comando da principal igreja evangélica do Rio Grande do Norte, na capital?
Natal foi mais uma etapa da missão que abraçamos. A diferença foi na forma como o trabalho em Natal se desenvolvia. No interior a dinâmica do trabalho se dá muito em função do pastor e sua família. Na capital, pela envergadura do cargo de presidente o pastor se torna um gestor, um administrador e isso reflete nas suas ações. A fé, arma utilizada em larga escala passa a ser utilizada lado a lado com o planejamento. Todas as ações são submetidas a uma diretoria que define as prioridades. Mesmo assim plantou-se uma nova forma de trabalho em Natal e isso ainda repercute junto aos obreiros e membresia.
Que avaliação você faz do período em que João Gomes comandou a igreja no Estado?
O trabalho no RN foi muito proveitoso. Em Natal assumimos a igreja com 56 congregações (duas a menos que Mossoró). Quando o pastor João Gomes foi recolhido a glória o trabalho contava com 141 congregações. Implantamos a Escola Pastor João Batista da Silva (CIENAD), iniciamos o projeto de informatização da administração, construímos o pavilhão administrativo da igreja, avançamos na obra missionária com o envio de 10 famílias para o campo e dezenas de obreiros para as cidades do interior com dificuldade de evangelização, além da compra da Rádio Nordeste. Foi um grande trabalho, pela Graça de Deus.
Você considera que a aquisição da Rádio Nordeste foi uma das principais ações que o pastor João Gomes desenvolveu em Natal?
É verdade. A rádio foi um marco na história do evangelho no RN. Todas as igrejas foram beneficiadas. Passamos a pregar 24 horas por dia e as pessoas, mesmo aquelas que não tinham tempo de ir a uma igreja, eram alcançadas pelo evangelho. Ainda considero a rádio, mesmo sendo sub=utilizada, o principal meio de evangelização de que dispomos.
Que imagens você e sua família guardam da tragédia que foi a morte do pastor João Gomes em um acidente automobilístico?
O Senhor Nosso Deus nos arrancou do peito qualquer dor neste sentido. No dia do ocorrido havia a descrença de que isso havia acontecido. Nos dias subseqüentes a falta que sua presença nos fazia era grande. Em meio a tudo isso havia paz em nossos corações. O Senhor nos encheu de paz, de conforto e hoje nós guardamos a lembrança de um homem bom, trabalhador e apaixonado pela obra, pela missão que abraçou e pela qual dedicou sua vida.
Como sua família convive com o trauma da perda prematura do pastor João Gomes?
Fazemos uma outra leitura do episódio. Tudo tem o seu tempo determinado por Deus. O recolhimento do pastor João Gomes não foi prematuro, foi no tempo determinado por Deus. Quando vemos certas situações agradecemos a Deus que ele não esteja aqui para presenciar isso.
Como vocês recebem as boas referências dos evangélicos ao nome do pastor João Gomes?
Estas boas referências nos dá o sentimento de que ele desenvolveu, com louvor, o dever que o Senhor Jesus lhe confiou. Se você me perguntasse se isso nos orgulha eu lhe diria que sim. Sentimos uma felicidade grandiosa quando ouvimos referências elogiosas ao pastor João Gomes.
Como você avalia o tratamento que sua mãe e sua família recebem da igreja no Estado?
A igreja em si, o povo, tem nos tratado de forma maravilhosa. Em todos os recantos desta Estado somos bem recebidos, bem acolhidos. Até mesmo os não evangélicos nos tratam muito bem quando descobrem que somos familiares do pastor João Gomes.É impressionante.
Como você acompanhou o processo sucessório que culminou com a eleição do pastor Martin Alves para a presidente da Assembléia de Deus no Rio Grande do Norte?
De perto, de muito perto. Integrei, a convite do pastor Ivan Gonçalves, o grupo que organizou sua candidatura. Trabalhei para vê-lo presidente da Igreja no Estado. Na Assembléia Ministerial a escolha, via eleição democrática, recaiu sobre o pastor Martim Alves que será, a partir de sua posse, presidente da igreja no RN e, portanto, meu presidente. Devo-lhe todas as honras que o cargo lhe reserva e o respeito de quem o conhece de perto. Sou conhecedor de seu tino administrativo e lhe desejo um profícuo pastorado, colaborando, como membro da igreja e funcionário de um dos órgãos ligados a igreja (Rádio Nordeste) no que for possível e convidado.
Como responsável pelo Blog mais lido pelos evangélicos do Estado, que avaliação você faz do atual estágio da obra de Deus no Rio Grande do Norte?
O RN precisa avançar. Na gestão do pastor João Gomes houve um avanço evangelístico sem precedentes na história. Com o pastor Raimundo Santana este avanço continuou, embora sua saúde e idade não permitissem uma arrancada maior. A igreja precisa de um renovo administrativo e evangelístico. O pastor Martim Alves tem todas as credenciais para realizar este trabalho. É organizado, um grande gestor, um bom administrador e, se contar com uma equipe que vista a camisa, dinâmica, ganhará o RN para Cristo. Basta pra isso colocar esta grande máquina, que é a Assembléia de Deus no RN, pra trabalhar. Não dá pra se imaginar que ainda existam cidades no Estado que o evangelho é menos que uma linha nas estatísticas. Precisamos modificar este quadro e isso está acima de qualquer preferência por nomes ou amizades. Isso é ordem imperativa: ide por todo mundo e pregai...
Fonte: Correio da Tarde
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