O radio é companheiro fantástico e imprescindível. Mas só sentimos
sua falta quando não podemos tê-lo a mão ou ao alcance dos ouvidos.
Cotidianamente, é tão comum aciona-lo quando entramos no carro que
sequer temos a percepção de fazer esse gesto. É quase automático diria.
O radio é mesmo um grande companheiro. Amigo solidário nas
madrugadas insones, traz alegria, conforto ao coração em momentos de
preciosa solidão.
Eu me lembro que quando criança, ficava a imaginar como seria
aquele mundo dentro daquela caixinha mágica, onde em minha imaginação,
homenzinhos ficavam todo o dia a falar e a enviar canções. Era assim que
via, seja na casa de meu avô Cícero Américo, na beira do córrego onde
as lavadeiras de roupa faziam seu trabalho quase que diário ou mesmo na
pequena e aconchegante sala da casa simples da Fazenda Nova América,
onde meu pai fazia a audição das canções de Bach no velho radio “ABC -
A voz de ouro”. E depois de tirar de ouvido, tocava no violão e se
punha a apresentá-las em noites de sarau, lua cheia e encantamento.
Também não posso esquecer que, foi através das ondas do radio,
via Brasil Central AM de Goiânia, que nos idos de 1966, meu pai tomou
conhecimento do meu nascimento. “ Atenção Nezinho Americo, na Fazenda
Nova America, município de Araguaçu - GO: comunicamos o nascimento de
seu filho na cidade de Porangatu GO. Mãe e filho passam bem. Quem ouvir,
favor comunicar”.
Era o radio o grande e rápido correio de noticias do interior
do Brasil. Sua mensagem chegava rápida através do eficiente meio. E caso
o destinatário da mensagem não a ouvisse, o imperativo “quem ouvir
favor comunicar” era seguido à risca pelos vizinhos e amigos, que se
apressavam a entregar a noticia, como meio de solidariedade. A
solidariedade e a gentileza dos amigos verdadeiros.
Sou imensamente grato ao radio. E por diversos motivos. Além
da companhia constante e diária, foi através do radio que consegui
levar as singelezas que escrevo a um numero maior de pessoas, as coisas
simples do cotidiano que me ponho a relatar e escrever. Com um detalhe:
sempre escritas a partir daquilo que está contido no coração.
É uma responsabilidade que tenho ao, toda sexta-feira me
debruçar diante de um teclado de computador e alinhavar palavras,
orações, períodos, sabendo que, através da voz do locutor e das ondas
mágicas do radio, vão chegar até a casa de pessoas queridas, como Dona
Antônia, João Albuquerque, Dona Alzira, Seu Benedicto... Famílias
inteiras se colocam ao do radio – ou do computador, via internet – e
passam a ouvir aquilo que em momento precioso, eu pude extrair da alma,
do coração.
É o que me move e motiva. Impossível escrever sem pensar em
quem vai receber a singela mensagem. E, através do radio e dos jornais,
sei que pessoas ouvem e leem com o coração aberto e feliz aquilo que
consigo colocar em uma folha de papel.
O bom, querido e tão amigo rádio. Imprescindível. Que me traz
em canções de amor e saudade a presença dos momentos felizes da vida.
E assim, sigo a vida. Em canções, poemas e crônicas. Sempre com a companhia e a alegria do radio.
(Paulo Rolim, jornalista, twitter: @americorolim)
por Paulo Rolim
Fonte: DM
Nenhum comentário:
Postar um comentário