Rádio

terça-feira, 3 de março de 2015

Mais do mesmo.

Rock nacional vira raridade no rádio e volta para o underground

Veja a matéria em O Globo.


Análise superficial da matéria. 

"O Rock se tornou uma raridade nas Rádios e na TV Brasileira, porque o que interessa não é a música e sim os anunciantes que pagam os espaços de propaganda que sustentam ambas mídias. 

As poucas Rádios Rocks que entraram no Dial recentemente conseguiram reunir um público grande de gente que gosta de Rock, mas ainda não deram espaços para renovação da cena, por receio de perder a audiência - o que pode ser natural nesse primeiro momento, até que se estabilizem, mas se não derem espaços para uma renovação num futuro breve, vão se esgotar também. 

Vale lembrar que não surgiu nenhuma banda popular de Rock no estrangeiro, de onde sempre veio a referência para os mais jovens. 


O movimento indie é importante por revelar outras maneiras de se viver e de se fazer o Rock, mas não revelou ainda uma personalidade forte que se torne um ícone onde os jovens venham buscar inspiração. As bandas de fora citadas na matéria são interessantes, mas desconheço a personalidade de seus integrantes e além da Música o Rock sempre foi atitude, postura e estilo de vida. 

Falta aparecer um novo Kurt Cobain, um Novo Axl Rose, um novo Ozzy, novas figuras que movimentem a cena. 

Quem manda lá fora hoje é o RAP feito por Jay "Zis", Keane "Wests" e os Pops de Byonces, Rhiannas e outros derivados desse estilo que dominou as paradas de sucesso.
O reflexo está aqui, através dos MCs ostentação, de artistas como Anitta e Ludmilla que representam a sua maneira, o que lá fora esta sendo executado. O Brasil sempre foi assim, espelho do que vem de fora.

O Caso do Sertanejo é um pouco mais complexo. Os caras aprenderam direitinho como se faz NEGÓCIOS com música. Como se compra e se vende espaços, isso é mérito deles, tanto é que já estão dominando até o Carnaval da Bahia, que antes era do Império do Axé. Com a quantidade de dinheiro que esses caras movimentam fica impossível competir. 

Temos que levar em consideração também o acesso aos bens de consumo e o super mercado consumidor que se tornou as Classes C, D e E de 2002 até pouco tempo atrás, e como consumidores vorazes é ÓBVIO que os meios de comunicação passaram a olhar para esse público com mais atenção e como demanda de mercado de consumo foi para eles que o negócio foi direcionado. 

Letras com linguagens simples, com abordagens que refletem o dia dia e a maneira de se divertir e artistas que representam muito bem essa realidade e isso é um fato que NUNCA pode ser ignorado nessas análises. 

O MERCADO é dinheiro e quem compra, e o Rock não fala a língua da maioria dessa geração. Não consegue se comunicar com a grande parte da população, pois tem uma abordagem bem diferente e não conseguiu a sua maneira se renovar e se adaptar a essa realidade, o que não aumenta o valor dos outros e nem diminui o valor do Rock, apenas posiciona onde o quadro político e social atual permite. 

A economia, os sinais sociais e a política influenciam e absolutamente TUDO. Nos anos 80, geração de ouro do Rock, estávamos saindo de uma ditadura, as pessoas queriam falar, se expressar. Os jovens tinham interesses e meios de comunicação bem diferentes, o Rock falava o que a juventude estava sentindo. 

Hoje quem fala é o Sertanejo, que trata da "mulherada", de "Balada", De roupas e adereços a serem ostentados e de Putaria, que é que sempre vendeu… 

O próprio Sertanejo que tenta ser mais elaborado em termos de letras não consegue espaço e por outro lado comendo uma fatia boa do mercado está o Funk que é uma manifestação legítima de quem sempre foi colocado a margem, desprezado, ignorado e marginalizado, mas agora tem dinheiro e pode comprar o que quer - pelo menos até 2013 tinha - Vamos ver mais pra frente. 

Eles querem mostrar para todo mundo que conseguiram o que antes nunca tiveram acesso, aos bens materiais, daí vem a OSTENTAÇÃO. 

O Rock hoje tem o que para oferecer? 
Poesia? 
Letras sobre crises existenciais? 
Ou a infantilidade da geração pós 2000 com choradeira de adolescente abandonado pela namorada e romantismos clichês com letras que o Mickey mouse teria constrangimento em cantar? 
Vamos encarar os fatos, Não se tem espaço para o ROCK porque o Rock não vende mais como antes e o que importa sempre foi o dinheiro. 
O resto é chorume."


Por Tico Santa Cruz

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