Por Adolfo Rondon
Locutor afoito
Lá pelos idos de 1971, um locutor portador de um grande vozeirão, com postura de radialista, estreava na Rádio Clube de Corumbá. Naquela época as revelações surgiam seguidamente nos microfones das emissoras Clube e Difusora, as únicas da Cidade Branca.
O novo locutor estreou como noticiarista, apresentando os boletins informativos de hora em hora. Sempre tinha um patrocinador, nesse caso era o antigo BEMAT-Banco do Estado de Mato Grosso. Era de praxe anunciar antes de cada notícia, o nome da cidade onde o fato aconteceu ou estava ocorrendo. Por exemplo, Brasília, Cuiabá, Paris e assim por diante. O locutor estreante começou bem o dia, foi um sucesso até que no embalo da voz dramática que era imposto na época, vociferou em alto e bom tom, ao se referir a uma notícia da Colômbia, mais precisamente de sua capital Bogotá. Após encher o peito o novato disse: - E atenção para a última notícia. Bogóta...
JUJUBA
E o mesmo locutor, no dia seguinte ao iniciar o noticiário da Rádio Clube, ao falar de uma nota que envolvia a Faculdade de Engenharia Elétrica da cidade mineira de ITAJUBÁ, referiu-se a esse município da seguinte forma: “ITAJÚBA”.
Não deu outra, tiraram o novato do ar, que tempos depois foi reabilitado pela Rádio Difusora, possuindo hoje curso superior e ocupando importante cargo público.
Sangue de rádio...
O Hospital de Corumbá sempre que necessitava de sangue ligava para as emissoras de rádio da cidade(Clube e Difusora), solicitando aos doadores que fosse até ao banco de coleta, se tivesse o tipo sanguíneo solicitado no ar, compatível com o acidentado ou operado.
Numa dessas o locutor do horário faltou e um substituto apareceu para anunciar e com voz em tom dramático fez o pedido com tom quase embargado para sensibilizar os doadores: “Atenção, atenção, o hospital de caridade precisa com urgência de sangue tipo H2Ó”, repetindo por diversas vezes a cada intervalo musical. Até que explicaram a ele que isso era água e não sangue...
Bang-Bang
No auge do bang-bang italiano o Cine Anache fazia chamadas brilhantes dos filmes que seriam exibidos em sua tela.
Todas as propagandas dos filmes para a Rádio Clube eram gravadas. Teve uma que não houve tempo de ser gravada, então a chamada foi feita ao vivo.
A fita a ser exibida dentro em breve era “O reverendo do Colt 45”. O locutor do horário anunciou várias vezes no ar: “Brevemente no seu Cine Anache, com ar-condicionado perfeito, estará em cartaz: “O revendedor do Colt 45”. Até que apareceu alguém para alerta o locutor sobre o título correto.
Teste
Na chamada época de ouro da radiofonia corumbaense, o sonho de todo jovem ou adolescente era ser locutor de rádio e periodicamente eram feitos testes nas duas emissoras de Corumbá: Difusora e Clube. As filas para participar dos testes viravam a esquina da Rua 15 de Novembro, pois a Rádio Clube funcionava na sobre-loja do Cine Anache na Delamare.
Os garotões na fila de espera esfregavam as mãos contando os minutos de chegar à vez deles. Os responsáveis pelos testes era o falecido empresário Fauze Anache e o Edmundo Alvarez, um sonoplasta competente e amigo da família. Vários passaram a fazer o teste e nenhum aprovado nesse dia.
A emissora da Delamare era conhecida como Sociedade Rádio Clube de Corumbá, uma emissora da Organização Farjalla Anache. Teve um garoto que leu o texto no ar: “Sociedade Rádio Clube de Corumbá, uma emissora da Organização FRAJOLA Anache”. Com certeza era assíduo leitor da revistinha infantil que contava as peripécias da dupla “Piu-Piu e Frajola”...
Fonte: http://www.pantanalnews.com.br/contents.php?CID=22918
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